:

  • Juíza Que Criticou STF E Isolamento Social É Punida


  • Segundo a Justiça de Minas Gerais, a medida foi adotada "por interesse público"

A trajetória da juíza Ludmila Lins Grilo na Vara Criminal e da Infância e Juventude da comarca de Unaí chegou a um desfecho marcante. Hoje, a Justiça de Minas Gerais decretou sua aposentadoria compulsória por "interesse público", em uma decisão proferida pelo Órgão Especial do Tribunal de Justiça do estado. 

A partir de agora, Ludmila receberá proventos proporcionais ao tempo de contribuição, encerrando sua atuação na magistratura.

A jornada conturbada da juíza teve seu afastamento determinado em fevereiro deste ano pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em uma decisão unânime. 

"Depois de mais de um ano de perseguição, censura, difamação e maledicência, tendo seu trabalho removido, seu sustento removido, todos os seus direitos constitucionais removidos - nesta quinta-feira, 25 de maio, a juíza Ludmila obteve o golpe final", disse a jornalista Karina Michelin em suas redes sociais.

Ela enfrenta investigações em dois processos no CNJ, sendo um deles relacionado a possíveis estímulos a aglomerações e críticas ao isolamento social durante a pandemia de Covid-19, bem como ao Supremo Tribunal Federal (STF).

O corregedor Luis Felipe Salomão apontou que as condutas adotadas por Ludmila não condiziam com o cargo que ocupava, acarretando violações aos deveres funcionais inerentes à magistratura. 

A juíza foi autora de uma reportagem crítica aos ministros Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso, do STF, além de ter divulgado um canal de um blogueiro bolsonarista após o bloqueio de suas contas nas redes sociais, determinado pelo Supremo.

No relatório do CNJ, constatou-se que Ludmila negligenciou suas obrigações fundamentais, deixando de comparecer ao fórum mesmo com a negativa do tribunal em relação ao trabalho remoto. 

Além disso, ela falhou na gestão do cartório e na fiscalização das atividades de seus subordinados. Sua intensa atividade nas redes sociais também chamou atenção, com manifestações político-partidárias e críticas ácidas aos ministros das cortes superiores.

Em sua defesa, Ludmila alegou ter recebido orientação do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) do tribunal a respeito de supostas ameaças à sua vida, o que a levou a optar pelo não comparecimento presencial ao trabalho. No entanto, ressaltou que continuou exercendo suas atribuições virtualmente, sem interrupções.